1) Serão incluidos unicamente traduções das obras canônicas: Éclogas, Geórgicas e Eneida. O apêndice virgiliano está de fora.
2) Fragmentos muito curtos usados em trabalhos acadêmicos também não contam. Para ser considerado um "fragmento" a obra tem de ter algum valor sendo contado de modo autônomo. Adaptações infanto-juvenis da Eneida não contam. Isso deve ir para uma outra listagem.
3) Diferentes edições da mesma tradução não serão registrados com rigor, embora eu deva trazer a primeira (se disponível, a primeira no Brasil) e a mais acessível em explicação, se possível.
A ideia é ser o mais compreensivo possível em matéria de língua portuguesa. Talvez um dia eu expanda para a língua inglesa, italiana e francesa.
TRADUÇÕES PORTUGUESAS
Fragmenta
1812 - Antônio Ribeiro dos Santos - Livro 1 dos Eneidos; in: Poesias de Elpino Duriense, p.349-365.
Disponível aqui. Em decassílabos.1817 - Filinto Elysio - Da Eneida Livro 9º; in: Obras Completas de Filinto Elysio, Vol. III, p.417-421
Disponível aqui. O que falar? É Filinto Elyseo, ora bolas.1825 - José Bonifácio, o velho - Tytiro (Écloga 1); in: Poesias Avulsas de Americo Elysio, p.151-162 (na edição de 1861).
Cópia da edição de 1861 disponível na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Tradução da primeira écloga em decassílabos brancos (eventualmente com o verso transitando entre os diálogos) e de notável concisão, sendo a tradução apenas poucas linhas maior que o original latino. A versificação é pré-castiliana, então se deve presumir acentuação secundária na sexta sílaba, como em "e aPEnas ESta CONduZI-las POsso!".1847 - João Nunes de Andrade - Os Amores de Dido com Enéias (4ª Eneida)
Referência a esse livro aparece nos opúsculos de Alexandre Herculano, ao fim, nos livos à venda na mesma livraria, indicando publicação bilíngue. De resto, não encontro mais informações sobre a obra, que pode até mesmo ter se perdido.[1875] - Manuel Maria Barbosa du Bocage - Daphnis (Écloga V) - in: Obras Poéticas de Bocage. V p.12-18
Deve haver edições mais antigas. O volume 5 das Obras pode ser achada no archive.org. Embora famoso pelas versões de Ovídio, Bocage traduziu um pouco de Lucano e um pouco de Virgílio, em decassílabos brancos. É um tanto decepcionante, vindo de quem veio. Ovídio era mais congenial com o poeta português.1966 - Nicolau Firmino - As Abelhas: versão da quarta geórgica.
Citado por Tuffani em seu Repertório de Literatura Latina. A Bibliografia vai como: VIRGÍLIO. As abelhas: versão da quarta geórgica. Tradução: Nicolau Firmino. Rio de Janeiro: H. Antunes, 1966.2006 - Milton Marques Júnior - Eneida Canto IV: A morte de Dido
Volumes na estante virtual. Presume-se que há vários colaboradores. Editora da UFPB2007 - Elaine Cristina Prado dos Santos - O IV canto das Geórgicas
Volume na estante virtual.2009 - Domingos Paschoal Cegalha - Eneida
Edição portuguesa de 2009. Não tenho informações sobre a tradução. Não sei se em prosa ou verso, apenas que conta os cantos I-IV somente, sendo uma versão incompleta.2012 - Márcio Thamos - Armas e o Varão: Leitura e tradução do Canto I da Eneida
Publicação da Edusp. Não tive acesso ao livro, mas presumo que a tradução seja em verso. Do contrário, ficaria muito decepcionado.
2016 - Adriano Aprigliano - Eneida, Canto IV: Dido e Eneias
Publicado na revista Nota do Tradutor. Disponível aqui.
2018 - Arthur Rodrigues Santos - As Geórgicas de Virgílio (I, vv. 1-70)
Publicado na revista/blog escamandro. Disponível aqui.
2020 - Rafael Silva - Geórgicas, Livro 2, vv. 1-109
Publicado na revista/blog escamandro. Disponível aqui.
Aeneis
1763 - João Franco Barreto - Eneida Portuguesa 2v.
Volume 1 no Google Books, Volume 2 no Archive.org. Tradução em versos heróicos e oitava rima camoniana. De fato, o poema soa tão camoniano que parece que fora Virgílio influenciado pelos Lusíadas, e não o contrário. Contém um dicionário explicativo e argumento. Obra reeditada em 1981 pela Imprensa Nacional da Casa da Moeda.1790 - Luis Ferraz de Novaes - Eneidas
Tradução misteriosa, provavelmente feita sob pseudônimo. Descrição no Diccionário Bibliográphico Portuguez, p.285.1819 - José de Lima Leitão - Monumento á elevação da colonia do Brazil a reino; Tomos II e III.
Volume II contém os cantos 1-6 da Eneida (Archive.org), e o Volume III os cantos 7-12 (Archive.org). Tradução em verso decassílabo, amplamente anotada e considerando alguns versos espúrios em meio (e no início) do poema. Introduz parte da técnica de "enriquecimento" lexical da língua portuguesa, propagada depois por Bonifácio e Odorico Mendes, mas para além do lexico, a linguagem e o uso da morfologia portuguesa são bem "notáveis" (não é exatamente um elogio).1845 - José Vitorino Barreto Feio & Costa e Silva- Eneida
Tradução em versos, de aspecto neoclássico em dois volumes. Disponível no Google Books (Vol.1 e Vol.2). Em decassílabos brancos, com várias notas, e incompleto. A obra foi concluida por Costa e Silva em 1857, e foi publicada pela Martins Fontes em 2004.1845-6 - João Gualberto Ferreira dos Santos Reis - Eneida
Citado pelo José Paulo Paes como notável na tradução de poesia brasileira no período. A tradução é em verso, e aparentemente a primeira publicada no Brasil por um brasileiro.--- Craig Kallendorf, em ensaio sobre "Sucesses and Failures in Virgilian Translation" afirma haver 6 traduções da Eneida até 1850. Se Kallendorf conta o episódio traduzido por João Nunes de Andrade, ainda falta uma tradução. Considerando que ele afirma haver 2 traduções completas da obra virgiliana (uma do Lima Leitão) e a do Odorico Mendes saiu apenas em 1858, essa falta é notável, e enriqueceria muito a crítica virgiliana. Também desconfio que o autor não conta a tradução do João Gualberto, publicada no Brasil.
1854 - Manuel Odorico Mendes - Eneida Brazileira
Publicado pela primeira vez em Paris (1ª Ed. Aqui), se tornou desde então o Textus receptus da Eneida no Brasil, de modo que é até desnecessário apresentar uma edição mais acessível, considerando que é amplamente reeditada até hoje. A essa altura do campeonato, comentários são até redundantes, exceto em que Odorico amplia as práticas do Lima Leitão e do Bonifácio, e apresenta algumas notas de qualidade irregular.
1879 - João Félix Pereira - Eneida
Publicada em Lisboa, em versos brancos. Não tive acesso a essa tradução.
1908 - Coelho de Carvalho - A Eneida de Vergilio lida hoje
1916 - Leopoldo Pereira - EneidaTradução em versos decassilábicos em oitava rima. Publicado em portugal em 1908 e simultaneamente no Brasil no mesmo ano. Eu tenho uma cópia pessoal desse texto com carimbo da Harvard College Library, mas não faço a mínima ideia de onde o consegui.
Obra editada pela Melhoramentos, com edições em 1916 e 1922 que eu saiba. Tive informações de que a tradução é em prosa e integral, sendo provavelmente a primeira feita assim no Brasil. Não tive acesso à obra.1927 - J. Laender - Eneida
A única edição que conheço é a da UFPB, porém a tradução é portuguesa de 1927.1941 - Nicolau Firmino - A Eneida
Citado por Tuffani. Bibliografia como: VIRGÍLIO. A Eneida. Tradução: Nicolau Firmino. São Paulo: Lusitana, 1941. Desconfio que não seja integral.196- - Maximiano Augusto Gonçalves - Eneida
Achei na estante virtual. Não acho mais informações.19?? - Salvador de Oliveira Penna - Eneida
Citado em Tuffani. Bibliografia como: VIRGÍLIO. Eneida. Tradução: Salvador de Oliveira Penna. São Paulo: Globo, [s.d.]. Deve ser pelo menos da década de 70, mas suspeito que seja dos finsde 80.1981 - Tassilo Orpheus Spanding - Eneida
Publicação primeiro pela Cultrix em 1981, seguida de publicações pelo Círculo do Livro em 1994-8 e pela Abril e Nova Cultural em 2003. Não tive acesso a versão (ainda), suspeito que seja em prosa.
1981 - Carlos Alberto Nunes - Eneida
Tradução originalmente publicada em 1981, e posteriormente em 1983 pela editora da UNB. Atualmente em catálogo pela Editora 34 em edição bilíngue. O Carlos deve ter traduzido com base da Edição de Mynors, sendo provavelmente a edição com o melhor (ou, ao menos o mais razoável) texto até então. Carlos é notável por ser o primeiro tradutor a tentar recriar o hexâmetro clássico em português, e em geral faz com bastante sucesso, devolvendo a poesia para Virgílio sem ocultar a diferença do sistema poético entre as culturas latina e portuguesa. A despeito disso, chamar o hexâmetro de Nunes de "hexâmetro" não é exatamente correto.1988 - David Jardim Jr. - Eneida
A edição original é de 1988 pela Tecnoprint, de acordo com a BN. Edição da Ediouro, sem data. Presumivelmente da década de 92. Introdução do Paulo Rónai. A tradução é em prosa fluente, e o texto é integral, com ilustrações na edição. Uma versão foi publicada aqui.1993 - Agostinho da Silva - Obras
Citado pela Wikipédia e no Catálogo da Cultura. Em verso decassílabo.
Georgica
1626 - Leonel da Costa Lusitano - As éclogas e Geórgicas de Vergilio
O dicionário bibliográfico português dá uma data anterior: 1626, sob o pseudônimo de Geraldo da Vinha, que também afirma ter Leonel traduzido uma Eneida, que se perdeu. Reedição de 1761 disponível para acesso no HathiTrust.--- Há uma tradução das Geórgicas pelo Pe. Francisco Furtado, em oitava rima camoniana e possívelmente excentrica (como nos dá a entender a publicação de um comentário à tradução) feita nos fins de 1700 antes da versão do Pina Leitão. Ao que parece, essa tradução permanece inédita até hoje.
1794 - Antônio José Osório de Pina Leitão - Tradução Livre ou Imitação das Geórgicas
Recém descoberta, com cópia no Google Books. Tradução em hendecassílabos (nosso decassílabo) brancos. Não tive tempo de ler ainda, e provavelmente não terei vontade de fazê-lo.1818 - José de Lima Leitão - Monumento à elevação da colonia do Brazil a reino; Tomo I.
Volume no archive.org. Mesmas características da Eneida, em decassílabos brancos etc.1858 - Manuel Odorico Mendes - Virgílio Brazileiro
Contém As Éclogas (com o título de Bucólica) e as Geórgicas, e a segunda edição da Eneida. Disponível no Google Books. Tem características similares à versão da Eneida, embora nunca ganharam o status que o épico ganhou como textus receptus no Brasil.1867 - Antônio Feliciano de Castílio - As Geórgicas
Tradução feita em dodecassílabos (Alexandrinos) rimados em pares, aos moldes do do teatro francês, e embora seja tradução direta, apresenta razoável influência francesa. Merecidamente se tornou um clássico da literatura portuguesa, tendo sido uma das melhores coisas que Castilho já escreveu. Mesmo assim, em alguns momentos isso parece muito pouco latino, e menos ainda virgiliano. É bem acessível em edição da Jackson Editores1875 - João Félix Pereira - As Geórgicas de Virgílio
Traduzidas em versos "hendecassílabos" (decassílabos, na contagem moderna), implicando não aceitação da reforma castiliana, e acrescida de várias notas. Cópia no Archive.org.1993 - Agostinho da Silva - Obras
Citado pela Wikipédia e no Catálogo da Cultura. Em verso decassílabo.Eclogae
1626 - Leonel da Costa Lusitano - As Éclogas e Geórgicas de Virgílio
João Ângelo afirma ser essa tradução originalmente de 1638. A única edição que conheço é a da Cultura de 1945 das "Obras Completas". O dicionário bibliográfico português dá uma data anterior: 1626, sob o pseudônimo de Geraldo da Vinha, que também afirma ter Leonel traduzido uma Eneida, que se perdeu, ao menos em parte. Reedição de 1761 disponível para acesso no HathiTrust.1800 - José Pedro Soares - Éclogas
Citado neste catálogo e no Diccionário Bibliográphico Portuguez. Sem mais informações.1819 - José de Lima Leitão - Monumento á elevação da colonia do Brazil a reino; Tomo I.
Volume no archive.org. Mesmas características da Eneida, em decassílabos brancos etc.1825 - A. T. M. - Nova Traducção das Éclogas de Virgílio
Disponível no Google Books. Tradução em verso, e não muito notável. Lembrar que a versificação é pré-castiliana, ou seja, os versos são hendecassílabos, acentos "secundários" são sempre contados quando recaem na sexta e alguns recursos são mais comuns que outros ("Da tua ventura inveja não tenho", aqui "tua" conta-se com uma sílaba e "nã-o" com duas). Contém breve "Vida" e um número razoável de notas. O tradutor aparenta conhecer e admirar as versões criativas de Dryden (Nota a I.64) e Gresset (Nota a IV).1846 - João Nunes de Andrade - As Bucólicas: diálogo pastoril.
Citado por Tuffani. As referências vão como: VIRGÍLIO. As bucólicas: diálogo pastoril. Tradução: João Nunes de Andrade. São Paulo: Brasiliense, 1846. Presumivelmente em verso. Também é um erro o "São Paulo: Brasiliense", mas o catálogo da Biblioteca Nacional de Lisboa complementa: "Rio de Janeiro: Typ. Brasiliense de F. M. Ferreira"1858 - Manuel Odorico Mendes - Virgílio Brazileiro
Contém As Éclogas (com o título de Bucólica) e as Geórgicas, e a segunda edição da Eneida. Disponível no Google Books. Tem características similares à versão da Eneida, embora nunca ganharam o status que o épico ganhou como textus receptus no Brasil.1868 - Francisco Lopes d'Azevedo - As Bucólicas de Virgílio; in: Distrações Métricas
Em verso decassílabo branco, encabeçando livro de autoria própria. Disponível no HathiTrust.189- - João Baptista Regueira Costa - Eglogas de Virgílio
Volume encontrado no Woldcat.
1901- Coelho de Carvalho - As Eclogas de Vergílio
Aparece na capa do volume "A Eneida de Vergilio lida hoje", como publicada em 1901. Sem mais informações.1982 - Péricles Eugênio da Silva Ramos - Bucólicas
Exemplar na Estante Virtual. Péricles nunca traduziu verso como prosa, então essa tradução deve ser em verso, e muito provavelmente dodecassílabo.1993 - Agostinho da Silva - Obras
Citado pela Wikipédia e no Catálogo da Cultura. Em verso decassílabo.1996 - Maria Isabel Rebelo Gonçalves - Bucólicas
Exemplar na Estante Virtual;2005 - Raimundo Carvalho - Bucólicas
Mencionado na página da Autêntica. A tradução é, presumivelmente, em verso.
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