sexta-feira, 11 de julho de 2014

3 Poemas (canções?) de e.e.cummings

Tenho de assumir que não sei se esse post é uma tradução ou uma misstranslation. Cummings (que assinava e.e.cummings) é um poeta extremamente complexo de se traduzir por inúmeras razões, tanto que, pelos mesmos motivos, muito desse poeta já foi traduzido e se encontra espalhado em livros, revistas, jornais, estudos, na internet e em todos os tipos de suportes imagináveis, mesmo o poeta não estando em domínio público. É provavelmente um dos mais importantes e populares poetas americanos modernos, e um dos mais traduzidos também. Cada um dos 3 poemas que traduzi trouxe dificuldades específicas, apesar de todos eles serem de uma face menos extrema do poeta: estão mais para uma ponte entre as formas do passado e as do futuro (uma quadra e dois sonetos, apesar de não serem exatamente as formas mais tradicionais de quadra ou soneto). Todos os poemas seguintes foram musicados por compositores importantes. Para pagar uma possível "destruição" que tenha causado aos poemas, junto deles apresento uma peça musical de um compositor:

1ª Little Tree de Eric Whitacre, compositor vencedor do Grammy de melhor disco de música coral e mundialmente famoso por alguns de seus projetos corais envolvendo vozes do mundo inteiro.

2ª who knows if the moon's a ballon de Dominick Argento, um compositor menos famoso, com que tive a experiência de trocar algum e-mail.

3ª Experiences 2 de John Cage, talvez um dos mais importantes compositores norte-americanos, ao lado de figuras como Bernstein, Glass, John Adams, Copland e outros menos conhecidos e não menos bons ou importantes, bem como os jovens compositores americanos.



From Tulips & Chimneys (1922 Manuscript) - e.e.cummings
PUELLA MEA
CHANSONS INNOCENTES
III

little tree
little silent Christmas tree
you are so little
you are more like a flower

who found you in the green forest
and were you very sorry to come away?
see    i will comfort you
because you smell so sweetly

i will kiss your cool bark
and hug you safe and tight
just as your mother would,
only don't be afraid

look    the spangles
that sleep all the year in a dark box
dreaming of being taken out and allowed to shine,
the balls the chains red and gold the fluffy threads,

put up your little arms
and i'll give them all to you to hold
every finger shall have its ring
and there won't be a single place dark or unhappy

then when you're quite dressed
you'll stand in the window for everyone to see
and how they'll stare!
oh but you'll be very proud

and my little sister and i will take hands
and looking up at our beautiful tree
we'll dance and sing
"Noel Noel"


De Tulips & Chimneys (1922 Manuscript) - e.e.cummings
PUELLA MEA
CHANSONS INNOCENTES
III

pequena árvore
pequenína arvore natalina
és tão pequena
estás mais para uma flor

quem te achou na floresta verde
e estavas tristinha quando veio?
vê    confortar-te-ei
pois cheiras docemente

beijarei tua fria casca
e te abraçarei bem forte
como sua mãe faria,
só não se assuste

olhe    as lantejoulas
que cochilam o ano inteiro em negra caixa
sonhando vir à luz e poder brilhar,
as bolas as ligações vermelhas e ouro os passos fofos

bote seus bracinhos
e darei tudo isso para segurares
cada dedo deve ter seu anel
e não haverá um único lugar escuro ou infeliz

e quando estiveres toda vestida
ficarás na janela para todos te verem
e como te fitarão!
oh como ficarás orgulhosa

e minha irmãzinha e eu daremos as mãos
e olharemos para nossa bela árvore
dançaremos e cantaremos
"Noel Noel"

Trad: Raphael Soares



From & (1925) - e.e.cummings
N – VII

who knows if the moon’s
a baloon,coming out of a keen city
in the sky—filled with pretty people?
(and if you and i should

get into it,if they
should take me and take you into their baloon,
why then
we’d go up higher with all the pretty people

than houses and steeples and clouds:
go sailing
away and away sailing into a keen
city which nobody’s ever visited,where

always
              it’s
                      Spring)and everyone’s
in love and flowers pick themselves


De & (1925) - e.e.cummings
N – VII

quem sabe se da lua
um balão,de uma pontuda cidade
no céu–cheio de pessoas bonitas?
(e se eu e a ti devêssemos

ir ate ele,se eles
devem levar-me e levar-te em seu balão,
por quê
subiríamos com as pessoas bonitas mais alto

que casas e torres e núvens:
a navegar
longe e longe navegando em afiada
cidade jamais visitada, onde

sempre
            é
                Primavera) e todos
amam e flores se colhem

Trad: Raphael Soares



From Sonnets - Unreatilies - e.e.cummings
X

it is at moments after i have dreamed
of the rare entertainment of your eyes,
when(being fool to fancy)i have deemed

with your peculiar mouth my heart made wise;
at moments when the glassy darkness holds

the genuine apparition of your smile
(it was through tears always)and silence moulds
such strangeness as was mine a little while;

moments when my once more illustrious arms
are filled with fascination, when my breast
wears the intolerant brightness of your charms:

one pierced moment whiter than the rest

—turning from the tremendous lie of sleep
i watch the roses of the day grow deep.


De Sonnets - Unreatilies - e.e.cummings
X

são momentos após haver sonhado
da rara alegria de teus olhos,
quando(de sonhos tolo)hei julgado

de teu peculiar lábio sapiência colho;
momentos em que o vítreo breu retém

a aparição genuína do sorriso
(sempre através de lágrimas) faz o silên-
cio a estranheza de meu momento ínfimo;

momentos em que meus ilustres braços
vez mais de fascínio cheios, e o peito
co'a intolerante luz de seus encantos:

momento de um branco maior, desfeito,

–torna-se de um tremendo sono indolente
vejo as rosas crescerem profundamente.

Trad: Raphael Soares