terça-feira, 3 de maio de 2011

Ezra Pound - Phanopoeia

Vou deixar a continuação da minha explicação da i-tradução de Shakespeare para depois. Por enquanto mais uma i-tradução:

Phanopoeia

I
ROSE WHITE, YELLOW, SILVER

The swirl of light follows me through the square,
The smoke of incense
Mounts from the four horns of my bed-posts,
The water-jet of gold light bears us up through the ceilings;
Lapped in the gold-coloured flame I descend through the æther.
The silver ball forms in my hand,
It falls and rolls to your feet.

II
SALTUS
The swirling sphere has opened
and you are caught up to the skies,
You are englobed in my sapphire.
Io! Io!

You have perceived the blades of the flame
The flutter of sharp-edged sandals.

The folding and lapping brightness
Has held in the air before you.
You have perceived the leaves of the flame.

III
CONCAVA VALLIS
The wire-like bands of colour involute mount from my fingers;
I have wrapped the wind round your shoulders
And the molten metal of your shoulders
bends into the turn of the wind,

AOI!
The whirling tissue of light
is woven and grows solid beneath us;
The sea-clear sapphire of air, the sea-dark clarity,
stretches both sea-cliff and ocean.



Phanopoeia
I
ROSA BRANCA, AMARELA, PRATEADA

O redemoinho de luz segue-me pela praça
A fumaça de incenso
Sobe pelas quatro pontas dos pilares da minha-cama
O jato-d'água de luz áurea leva-nos através dos limites;
Girou na chama dourada, descendo pelo éter.
A prata esférica na minha mão
Cai e rola a teus pés.

II
SALTUS
A esfera rolando foi aberta
e és arrebatado para o céu,
Estás englobado em minha safira.
Io! Io!

Você percebeu as lãminas de fogo
A vibração das sandálias, lâminas-afiadas.

O brilho dobra e gira
Parou no ar antes de ti.
Você tem percebido as folhas de fogo.

III
CONCAVA VALLIS
O metá-lico adorno da envolvente cor ergue-se de meus dedos;
Envolvi o vento em volta de teus ombros
que curva ante o girar do vento,

AOI!
O turbilhante tecido luminoso
Solidifíca-se e cresce sob nossos pés;
A safira claro-mar de ar, a escuro-mar claridade,
Estende-se a ambos: precipício e oceano.

Trad: Raphael Soares

Não sou um grande leitor de Pound, e dentre os grandes poetas e escritores modernos da primeira metade do século, Pound é o que menos conheço.
Phanopoeia, poema do início da carreira de Pound, procura demonstrar um poema focado na fanopéia, ou seja, nas imagens. As imagens nesse poema se movem, para cima, para baixo, em círculo. O poema não se volta para a sonoridade nem para as ideias intelectuais, mas por esse movimento de imagens.

Dificuldade adicional: frequentemente Pound usa o hífem para separar (wirelike - wire-like) ou unir (sharp edged - sharp-edged) as palavras, e tentei fazer o mesmo, mas o resultado não foi como esperado. A falta de conhecimento do estilo poundiano me atrapalhou muito, o que não me deu muitas oportunidades de "recriação". Apesar disso, dentre os poucos poemas do poeta que conheço, esse é um dos que gosto, apesar de não compreendê-lo. Gosto da ideia do movimento das imagens.

Foi uma tentativa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário