sexta-feira, 24 de junho de 2011

Der Doppelgänger - Heinrich Heine

Der Doppelgänger - Heinrich Heine¹

Still ist die Nacht, es ruhen die Gassen,
In diesem Hause wohnte mein Schatz;
Sie hat schon längst die Stadt verlassen,
Doch steht noch das Haus auf demselben Platz.

Da steht auch ein Mensch und starrt in die Höhe
Und ringt die Hände vor Schmerzensgewalt;
Mir graust es, wenn ich sein Antlitz sehe -
Der Mond zeigt mir meine eigne Gestalt.

Du Doppelgänger, du bleicher Geselle!
Was äffst du nach mein Liebesleid,
Das mich gequält auf dieser Stelle
So manche Nacht, in alter Zeit?

¹ O título Der Doppelgänger não é de Heine, mas sim do lied de Schubert (Der Doppelgänger, D.957, n.13). O poema faz parte do Buch der Lieder, seção Die Heimkehr (poema XX).



O Doppelgänger - Heinrich Heine¹

A noite está calma, as ruas tranquilas,
Nesta casa morava o meu rubi;
Foi-se, há muito abandonou a vila²,
Mas a casa ainda permanece aqui.

Também há lá, um homem p’ra o céu voltado
Torcendo as mãos co’o peso da agonia;
Quando sua fronte vejo, fico horrorizado–
No luar minha própria face via.

Tu, Doppelgänger, tu, pálido amigo!
Por quê imitas meu sofrer de amor
Que aqui mesmo muito acabou comigo
E causou-me, em antigos tempos, dor?

Trad: Raphael Soares

¹ Do mesmo modo que preferi manter o nome Erlkönig (ao invés de Rei dos Elfos ou Rei dos Alnos), optei por manter Doppelgänger, que além de ser reconhecido no Brasil com esse nome mesmo (ver Doppelgänger na Wikipédia) uma tradução hiperliteral seria ridícula. Assim como Elkönig, a tradução também foi feita a partir da música.

² No original Schatz [tesouro, jóia] e Stadt [cidade], vertidos como rubi e vila. Importante perceber que não há aliteração entre Sie [z], schon [ʃ] e Stadt [s]. Tentei reproduzir essas aproximações sonoras com as oclusivas t, d e b. Lamentavelmente, as fricativas causam um efeito mais interessante no poema, daí acrescentei também os sons fricativos em Foi-se [f & s] e vila [v].

4 comentários:

  1. Olá!
    Esta tradução que saiu recentemente da obra de Heine, "Heine, hein? - poeta dos contrários"; o sr. já teve oportunidade de vê-la? Recomendarias aos leitores deste blog?

    Gracias!

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  2. Caro Noslia

    Não conhecia essa edição dos poemas de Heine, e fiquei muito interessado. Não conheço a tradução, mas buscando na internet vi que possui o aval de Augusto de Campos que é bem mais proficional e conhecedor da tradução e literatura de língua alemã.

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  3. De fato, sei muito pouco da poesia alemã. Mas não foi do sr. Augusto de Campos, e de seu irmão, de quem o Bruno Tolentino falou que não sabiam nada de escrita e rima? "São péssimos poetas e péssimos escritores. Não sabem absolutamente nada do que alardeiam saber." Eu nunca li nenhuma tradução deles. Mas da poesia, sem dúvida fico com a do Bruno.

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  4. A discussão pesada entre Bruno Tolentino e Haroldo de Campos (que se amplificou para todo o movimento concreto) foi um episódio lamentável.

    Mas verdade seja dita: poucas pessoas têm um conhecimentos linguísticos tão profundos como o dos integrantes do movimento concreto (apesar de não ser muito fã dessa estética). E Augusto de Campos como tradutor possui uma qualidade inegável. Basta ver as versões de Augusto para o "Tygre" de Blake ou para o "Barco Bêbado" de Rimbaud.

    Na tradução de poesia entre Tolentino e os irmãos Campos, sem dúvida eu fico com as de Augusto.

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