domingo, 11 de setembro de 2011

Intermezzo 9 - Heine

Intermezzo 9 - Heine
Auf Flügeln des Gesanges,
Herzliebchen, trag ich dich fort,
Fort nach den Fluren des Ganges,
Dort weiß ich den schönsten Ort;

Dort liegt ein rotblühender Garten
Im stillen Mondenschein,
Die Lotosblumen erwarten
Ihr trautes Schwesterlein.

Die Veilchen kichern und kosen,
Und schaun nach den Sternen empor,
Heimlich erzählen die Rosen
Sich duftende Märchen ins Ohr.

Es hüpfen herbei und lauschen
Die frommen, klugen Gazelln,
Und in der Ferne rauschen
Des heiligen Stromes Well'n.

Dort wollen wir niedersinken
Unter dem Palmenbaum,
Und Liebe und Ruhe trinken,
Und träumen seligen Traum.



Intermezzo 9 - Heine
Sobre asas dos versos cantantes,
Querida, para longe te levo,
Levo-te para os prados dos Ganges,
Lá há o mais belo relevo;

Lá repousa um rubro jardim
No belo e afável luar,
Os lótus, suas irmãs assim,
Estão a procurar.

As violetas riem e brincam,
Fitam depois as astrais plagas,
As rosas furtivas narram
Às orelhas aromais sagas.

Pulou e espiou a gazela
Esperta para este lado,
O murmúrio, ouviu ela,
Das ondas do flúmen sagrado.

Lá desejamos submergir
Debaixo das palmeiras,
Do amor e calma se servir,
Sonhar sonhos à clareira.

Trad: Raphael Soares



O que me chama grande atenção para a poesia alemã é o Lied. Heine é sem dúvidas o poeta mais músicado do mundo. Só esse poema foi músicado por uns 20 compositores. O mais importante provavelmente é Mendelssohn. O Lied "Auf Flügeln des Gesanges" de Mendelssohn é uma obra prima do gênero, QUASE rivalizando com os Lieder de Schubert.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

La Folle - Sully Prudhomme

La Folle - Sully Prudhomme
Sonnet

Errante, elle demande aux enfants d'alentour
Une fleur qu'elle a vue un jour en Allemagne,
Frêle, petite et sombre, une fleur de montagne.
Au parfum pénétrant comme un aveu d'amour.

Elle a fait ce voyage, et depuis son retour
L'incurable langueur du souvenir la gagne :
Sans doute un charme étrange et mortel accompagne
Cette fleur qu'elle a vue en Allemagne un jour.

Elle dit qu'en baisant la corolle on devine
Un autre monde, un ciel, à son odeur divine,
Qu'on y sent l'âme heureuse et chère de quelqu'un.

Plusieurs s'en vont chercher la fleur qu'elle demande,
Mais cette plante est rare et l'Allemagne est grande ;
Cependant elle meurt du regret d'un parfum.




A Louca - Sully Prudhomme
Soneto

Errante, ela para as crianças pedia,
Uma tal flor que vira, um dia, na Alemanha,
Pequena e frágil flor, bela flor da montanha.
De perfume pungente e uma atração sombria.

Essa viagem ela fez, e lhe afligia¹
A incurável dor de uma lembrança tamanha¹ :
Sem dúvida um mortal encanto acompanha
Essa tal flor que vira na Alemanha um dia.¹

Algum divino odor, um mundo e, ela parola,
Um céu sublime surge ao cheirar a corola,
Se sente a alma feliz, por alguém, e querida.

Muitos partem, por ela, em tal busca pretensa,
Mas essa planta é rara e a Alemanha é imensa;
Sem sentir o perfume ela deixou a vida.

Trad: Raphael Soares

¹ Sem cesura. O primeiro é um dodecassílabo romântico.



Sully Prudhomme é um poeta pouquíssimo conhecido no Brasil, apesar de sua qualidade poética e o título de 1º Nobel de Literatura. Essa tradução (minha segunda em língua francesa, que não domino) é criticável por diversos aspéctos, em particular em relação às inversões tortuosas. Esse poema possui ainda mais duas traduções, uma por Fontoura Xavier e outra por Raimundo Correia.