Sonnet
Errante, elle demande aux enfants d'alentour
Une fleur qu'elle a vue un jour en Allemagne,
Frêle, petite et sombre, une fleur de montagne.
Au parfum pénétrant comme un aveu d'amour.
Elle a fait ce voyage, et depuis son retour
L'incurable langueur du souvenir la gagne :
Sans doute un charme étrange et mortel accompagne
Cette fleur qu'elle a vue en Allemagne un jour.
Elle dit qu'en baisant la corolle on devine
Un autre monde, un ciel, à son odeur divine,
Qu'on y sent l'âme heureuse et chère de quelqu'un.
Plusieurs s'en vont chercher la fleur qu'elle demande,
Mais cette plante est rare et l'Allemagne est grande ;
Cependant elle meurt du regret d'un parfum.
A Louca - Sully Prudhomme
Soneto
Errante, ela para as crianças pedia,
Uma tal flor que vira, um dia, na Alemanha,
Pequena e frágil flor, bela flor da montanha.
De perfume pungente e uma atração sombria.
Essa viagem ela fez, e lhe afligia¹
A incurável dor de uma lembrança tamanha¹ :
Sem dúvida um mortal encanto acompanha
Essa tal flor que vira na Alemanha um dia.¹
Algum divino odor, um mundo e, ela parola,
Um céu sublime surge ao cheirar a corola,
Se sente a alma feliz, por alguém, e querida.
Muitos partem, por ela, em tal busca pretensa,
Mas essa planta é rara e a Alemanha é imensa;
Sem sentir o perfume ela deixou a vida.
Trad: Raphael Soares
¹ Sem cesura. O primeiro é um dodecassílabo romântico.
Sully Prudhomme é um poeta pouquíssimo conhecido no Brasil, apesar de sua qualidade poética e o título de 1º Nobel de Literatura. Essa tradução (minha segunda em língua francesa, que não domino) é criticável por diversos aspéctos, em particular em relação às inversões tortuosas. Esse poema possui ainda mais duas traduções, uma por Fontoura Xavier e outra por Raimundo Correia.
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