quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Charles Bukowski - Beer

Aqui faz parte da série A Cerveja é o Melhor Remédio, da qual faz parte as [Linhas Sobre Cerveja] do Poe e uma série de poemas sobre cerveja da literatura mundial que um dia compilarei nessas páginas de Blog. O poema que se segue é de Charles Bukowski do livro Love is a mad dog from hell (Que costumo traduzir por O Amor é um Cão Louco dos Infernos), contendo a poesia do autor entre os anos de 1974 a 1977. Bukowski tem uma rara sorte de ser conhecido no Brasil tanto pela sua prosa quanto pela poesia, mas assim como Oscar Wilde sua biografia pessoal e o topos de sua arte costumam ser mais relevantes para os leitores comuns e aficionados por literatura que suas obras em si. Em breve mais Bukowski e mais cerveja, talvez eu dedique um mês para a cerveja ou a bebida em geral (Carnaval está chegando, não é mesmo?).

Beer - Charles Bukowski

I don’t know how many bottles of beer
I have consumed while waiting for things
to get better
I don’t know how much wine and whisky
and beer
mostly beer
I have consumed after
splits with women—
waiting for the phone to ring
waiting for the sound of footsteps,
and the phone to ring
waiting for the sounds of footsteps,
and the phone never rings
until much later
and the footsteps never arrive
until much later
when my stomach is coming up
out of my mouth
they arrive as fresh as spring flowers:
“what the hell have you done to yourself?
it will be 3 days before you can fuck me!”

the female is durable
she lives seven and one half years longer
than the male, and she drinks very little beer
because she knows it’s bad for the figure.

while we are going mad
they are out
dancing and laughing
with horny cowboys.

well, there’s beer
sacks and sacks of empty beer bottles
and when you pick one up
the bottle fall through the wet bottom
of the paper sack
rolling
clanking
spilling gray wet ash
and stale beer,
or the sacks fall over at 4 a.m.
in the morning
making the only sound in your life.

beer
rivers and seas of beer
the radio singing love songs
as the phone remains silent
and the walls stand
straight up and down
and beer is all there is.



Cerveja - Charles Bukowski

Eu não sei quantas garrafas de cerveja
bebia enquanto aguardava as coisas
ficarem melhor
Eu não sei quanto vinho e whisky
e quantas cervejas
principalmente cerveja
bebia após
me trocar com mulheres—
aguardando o telefone tocar
aguardando o som dos passos,
e o telefone tocar
aguardando o som dos passos,
e o telefone nunca toca
até bem depois
e os passos nunca chegam ao destino
até bem depois
quando meu estômago pula para
fora da minha boca
elas chegam frescas como as flores da primavera:
“que porra fizeste contigo mesmo?
faltam 3 dias antes que possas me fuder!”

a fêmea é durável
ela vive sete anos e meio mais
que homens, e bebe menos cerveja
porque ela sabe que faz mal às aparências.

Enquanto ficamos doidos
elas estão fora
dançando e rindo
com cowboys tarados.

bem, aqui há cerveja
sacos e sacos de garrafas vazias de cerveja
e quando sacas uma
a garrafa cai pelo fundo molhado
do saco de papel
rolando
tilintando
derramando cinzas úmidas
e cerveja choca,
ou os sacos caem às 4:00
da manhã
fazendo o único som em sua vida.

cerveja
rios e mares de cerveja
a rádio cantando canções de amor
enquanto o telefone permanece silente
e as paredes permanecem
subindo e descendo
e a cerveja é tudo o que há.
Trad: Raphael Soares

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