1ª Carta de R.B. para E.B.B.
New Cross, Hatcham, Surrey.
[Marca posterior: January 10, 1845.]¹
[Marca posterior: January 10, 1845.]¹
Eu amo seus versos de todo meu coração, cara Senhorita Barrett,—e esta não é uma apressada carta bajulatória que devo escrever,—tudo menos isso, sem reconhecimento pronto e direto de seu gênio, e este é um fim do assunto gracioso e natural. Desde a última semana, quando eu li seus poemas pela primeira vez², eu chego a rir ao lembrar como tem vindo à minha mente de novo e de novo que eu deveria poder falar para ti do efeito que tiveram sobre mim, pois no primeiro rubor de prazer eu pensei que desta vez iria me livrar de meu hábito de apreciação puramente passivo, quando eu realmente aprecio, e inteiramente justificar minha admiração—talvez mesmo, como leal irmão-de-ofício deveria, tentar encontrar alguma falta e fazer algo de bom para me orgulhar depois!—mas nada encontro no fim—então em mim foi, e parte de mim se tornou, esta grande poesia viva sua, não uma flor, mas tomou raiz e cresceu—Oh, quão diferente é de deitar para secar e ser prensada reta, e altamente valorizada, e por em um livro com uma descrição apropriada na parte superior e inferior, e fechá-lo e guardá-lo .. e o livro pedia por uma “Flora,” além disso! No fim das contas, eu não preciso desistir de pensar em fazer isso, também, em tempo; porque mesmo agora, falando com quem é digna, posso dar uma razão para minha fé em uma e outra excelência, a fresca e estranha música, a linguagem afluente, o pathos perfeito e o pensamento verdadeiro, novo e valente; mas ao me direcionar pessoalmente a ti—a ti propriamente, e pela primeira vez, meu sentimento eleva-se totalmente. Como eu disse, eu amo estes livros³ de todo coração—e também te amo. Você sabia que eu uma vez não estive muito longe de ver—realmente te ver? O Sr. Kenyon disse-me numa manhã “Você gostaria de ver a Senhorita Barrett?” então ele foi me anunciar,—então retornou .. não estavas muito bem, e agora anos se passaram, e sinto como uma incômoda passagem em minhas viagens, como se estivesse perto, tão perto, de alguma capela ou cripta, maravilha do muno, .. e tinha de empurrar só uma tela e talvez teria entrado, mas aqui houve uma ligeira .. assim parece .. ligeira e suficiente barreira para a admissão, e a porta semiaberta fechou-se, e eu vim para minha casa milhares de milhas, e a visão nunca ocorrerá?⁴
Bem, estes poemas ocorreram, e é com essa verdadeira alegria e orgulho gratos que me sinto, Seu sempre fiel,
Robert Browning.
Endereço: Miss Barrett / 50 Wimpole St.
Marcação: 8NT8 JA10 1845 A.
Rótulo de EBB: 1⁵.
1ª Carta de E.B.B. para R.B.
50 Wimpole Street.
Jan 11. 1845–
Eu te agradeço, caro Sr. Browning, do fundo do meu coração. Você teve a intenção de dar-me prazer com tua carta—e mesmo se o assunto não fosse respondido, eu ainda te deveria gratidão. Mas vai inteiramente respondido. Que carta e de que mão! Simpatia é cara—muito cara para mim: mas a simpatia de um poeta, e de que poeta, é a quintessência da simpatia para mim! Você aceitará de volta minha gratidão por isso?—concordando, também, que de todo o comércio feito no mundo, de Tiro a Cartago, a troca de simpatia por gratidão é a coisa mais sem preço!
Pois de resto me atraíste com tua gentileza. É difícil se livrar das pessoas quando, uma vez, deste a elas tanto prazer—eis um fato, e não iremos parar pela moral disso. O que ia dizer—após uma pequena e natural hesitação—é que mesmo tu emerges sem inconveniente esforço de teu “estado passivo”, e irá me falar de tais faltas que surgem para a superfície e o afetarem como importantes em meus poemas, (e claro, não penso em te incomodar com crítica detalhada) irás conferir uma obséquio durável sobre mim, e que devo valorizar demais, que aprecio a uma distância. Eu não finjo qualquer fraqueza extraordinária à critica e é bem possível que eu não seja inteiramente obediente à sua. Mas com meu alto respeito ao teu poder em tua Arte e tua experiência como artista, seria um tanto impossível para mim ouvir uma observação geral vinda de ti, no que te aparentar minhas faltas-mestras, sem me tornar de algum modo melhor após elas. Peço somente por uma sentença ou duas de observação geral—e não peço nem mesmo isto, se assim te importuno—mas em humilde voz baixa, que é algo tão excelente em mulheres⁶—particularmente quando imploram! A crítica geral mais frequente é recebo é, penso, sobre o estilo,—“se eu deveria mudar meu estilo”! Mas isso é uma objeção (não é?) ao escritor em si? Buffon diz, e todo escritor sincero deve sentir, que “Le style c’est l’homme–”;⁷ um fato, contudo, parcamente calculado para enfraquecer a objeção de certos críticos.
É, de fato, verdade que estive tão perto do prazer e honra de estar em sua presença? e pode ser verdade que olhas para a oportunidade perdida com qualquer arrependimento? —— MAS⁸.. sabes .. se tivesses entrado na “cripta”, poderias ter pegado um resfriado, ou se cansado até a morte, e desejado para si “um milhar de milhas de distância;” que poderia ser pior que a viagem. E não é meu interesse, no entanto, colocar tais pensamentos em tua cabeça sobre sendo “melhor assim”; e eu prefiro esperar (como faço) que o que eu perdi uma vez eu possa recuperar no futuro. Invernos fecham-me como fazem aos olhos das ratazanas; na primavera, veremos: e estou tão melhor que pareço dar voltas ao mundo exterior novamente. E enquanto isso eu aprendi a conhecer sua voz, não só meramente da poesia, mas da gentileza nela. O Sr. Kenyon fala de ti com frequência—caro Sr. Kenyon!—quem é mais indizível, ou dito somente com lágrimas em meus olhos, .. tem sido meu amigo e ajudante, e amigo e ajudante de meus livros! crítico e simpatizante, .. verdadeiro amigo de todas as horas! O conheces bem o bastante, penso, para entender que devo ser grata a ele.
Estou escrevendo demais,—e mesmo sabendo que estou escrevendo demais, escreverei uma coisa mais. Direi que estou em débito contigo, não somente pela cordial carta e por todo o prazer que me veio com ela, mas por outras razões, e estas mais elevadas: e direi que enquanto eu viver seguindo esta divina arte da poesia, .. em proporção ao meu amor por ela e minha devoção por ela, devo ser uma devota admiradora e estudante de suas obras. Isso é meu coração falando—e digo-o a ti.
E, de resto, me orgulho em permanecerSua grata e fiel
Elizabeth B. Barrett.
Endereço: Robert Browning Esqre / New Cross / Hatcham / Surrey.
Marcação: 8NT8 JA11 1845 A.
Rótulo de RB: 1⁹.
NOTAS
1) Mantive as datas no original, para representar exatamente como os poetas escreveram, considerando que a marcação é inconsistente.
2) Kenyon deu uma cópia dos Poems (1844) de EBB para a irmã de RB, Sarianna, em Dezembro de 1844. RB havia partido para a Itália um dia antes da publicação do livro da EBB, em agosto de 1844, e retornara apenas recentemente.
3) Poems (1844) foi publicado em 2 volumes na Inglaterra.
4) Em carta de EBB para o irmão George, de 30 de Março de 1842, ela relata que Kenyon se propôs a introduzir os dois poetas: “O Sr. Kenyon também propôs introduzir para os pés de meu sofá .. o Sr. Browning, o poeta .. quem é capaz de conceder tamanha honra como desejar algo do tipo! Fiquei contente com a ideia de seu desejo—de resto, não! Você sabe o como eu estimo .. admiro (qual é a palavra suficiente?) o verdadeiro poeta—no entanto ele profetiza de modo sombrio. O Sr. Kenyon diz que ele está um pouco desanimado com a recepção do público—o populacho, ele deveria dizer. 'Pobre Browning', disse o Sr. Kenyon. 'E por que pobre Browning?'—'Porque ninguém o lê,'—'Ao contrário, pobres leitores!' Sr. Carlyle é seu amigo—um bom substituto para uma multidão barulhenta!”
5) Em toda a sua correspondência com RB, EBB escreveu de próprio punho a sequência das cartas dele em um envelope, usualmente no verso. Registro essa marcação como “Rótulo”, do modo como se apresentam, considerando que há irregularidades. EBB preservou as cartas de RB em uma capa de couro dobrável, hoje na Wellesley College Library. (Reconstruction, H589)
6) Cf. Shakespeare, King Lear, V, 3, 274.
7) “O estilo é o homem”. (Cf. Discours sur le Style, 1753, de Georges Louis Leclerc de Buffon, 1707–88)
8) Três vezes grifado.
9) Em toda a sua correspondência com EBB, RB indicou a sequência das cartas dela na frente do envelope. Browning preservou as cartas de EBB em uma caixa de marchetaria, também na Wellesley College Library. (Cf. Reconstruction, H597)
As cartas podem ser consultadas em diversas edições, inclusive na primeira em domínio público. Uso o texto da Browning's Correspondence. As fotografias das respectivas cartas vieram da coleção digital da Baylor University, aqui. Comentários subsequentes em futuras postagens... ou não.
Lastimavelmente, as cartas de amor dos poetas nunca foram publicadas em português, e acredito que apenas estas duas foram publicadas. Eu cheguei a traduzir outras cartas deles, bem como algumas outras cartas pertinentes ao casamento e aos sonetos enquanto estava escrevendo meu ensaio sobre a EBB, e talvez publique aqui quando tiver tempo para organizar. Não acho que nenhuma editora planeja publicar essas cartas no momento.
ResponderExcluirSe puderes ler no original, a primeira edição das cartas consegues achar no archive.org, e uma versão em francês de algumas cartas consegues achar na Gallica (gallica.bnf.fr).